Este espaço contém reflexões que gerem esperança. Humanizar relações
e o cuidado com a vida são coisas de que o mundo precisa...
Boa leitura!

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Romaria de Nossa Senhora Conquistadora

Com o lema: “Maria, de pé, junto à cruz dos sofredores”, acontece neste domingo, dia 30 de setembro, em Bagé, a 38ª Romaria Diocesana de Nossa Senhora Conquistadora.

No horizonte da Campanha da Fraternidade deste ano, a fraternidade e a saúde pública, e a preparação para a Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá no Rio de Janeiro no próximo ano (em julho) e a visita da Cruz e do Ícone da Jornada, que estão passando por todas as Dioceses do nosso país e chegarão novembro próximo na nossa de Bagé, a romaria vai nos apontar para a Cruz de Cristo e para as nossas cruzes.
Quando nos colocamos em oração, traçamos em nós o Sinal da Cruz. Esse sinal mostra a importância da Cruz na vida dos cristãos. A cruz, que nos tempos antigos era uma forma terrível de condenação à morte, destinada aos mais perigosos bandidos e opositores do poder constituído do Império Romano. Jesus foi condenado à morte de cruz e, a partir dele, mudou-se o sentido desse sinal: a cruz tornou-se o meio pelo qual toda a humanidade de todos os tempos e lugares encontrou a Salvação e a Vida. Na cruz de Cristo, todas as dores da humanidade estavam presentes e todos os pecados do mundo foram remidos, pois foram por Ele assumidos.
Um dos momentos mais marcantes da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo foi protagonizado pela presença de sua Mãe aos pés da Cruz. João nos narra em seu Evangelho que “junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe”. Este texto nos coloca diante de uma presença amorosa, cuidadora e solidária. Enquanto os discípulos fugiam assustados com toda a situação terrível que estavam vivendo, Maria, com algumas outras mulheres e apenas o jovem João, permanecia aos pés da Cruz de seu Filho. O amor pelo Filho era imensamente superior a qualquer medo. O seu coração transpassado pela dor estava igualmente marcado pela total alteridade de quem pensa no outro mais do que nas suas próprias dores. Para Maria, a dor do seu Filho era maior do que a sua própria dor, pois ela estava ali, participando de todo o Mistério da Cruz.



terça-feira, 18 de setembro de 2012

A Igreja e a Revolução Farroupilha

            O movimento revolucionário que durou dez anos, no Rio Grande do Sul, chamado de Revolução Farroupilha, como na Revolução de Pernambuco, em 1817, a Confederação do Equador, em 1824, o Levante de Sorocaba, em 1842, boa parte do clero, identificado com as ideias de grandes setores da população, tomou parte relevante na insurreição gaúcha.
            Segundo o historiador Pe. Arlindo Rubert, a atuação de alguns padres foi decisiva. Era, aliás, uma constante tradição. Da invasão holandesa à inconfidência, contou-se sempre com a valiosa e positiva ação do clero. Naturalmente, os leigos católicos formavam o maior contingente em todas as insurreições políticas. Assim, grandes faixas da Igreja aderiram à revolução farroupilha e levaram adiante o movimento com decisão e tenacidade até os limites das possibilidades.
            Não se sabe com certeza quantos padres aderiram. Alguns ficaram fiéis ao Império e se ausentaram das paróquias no período que durou o movimento farrapo. Mas outros foram de fundamental importância, como o Pe. Juliano de Faria Lobato, primo-irmão de Bento Gonçalves.  Em 1835 é eleito deputado e 2º. Secretário do Conselho Geral da Província. Com o Pe. Chagas foi diretor e redator do jornal O Compilador.
            Ao lado do Pe. Juliano, temos o Pe. Hildebrando de Freitas Pedrosa, gaúcho, que nunca escondeu sua adesão ao novo estado de coisas. Ocupou cargos importantes. Quando era Vigário da Matriz de São Sebastião, em Bagé, em 1842, foi eleito deputado à Assembleia Geral Legislativa de Alegrete, terceira e última capital farrapa. Como era bom desenhista, foi o autor do brasão de armas da República Riograndense.
            Outro expoente foi o Pe. Francisco das Chagas Martins Avila e Sousa, gaúcho, inteligente e irrequieto. Em 1934 tomou assento como deputado da Assembleia Legislativa da Província. Assumiu a causa dos farrapos de corpo e alma. Foi perseguido pelos legalistas e chegou a ser o “Vigário Apostólico” da República, já que o nosso Estado não era ainda Diocese.

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ)

            A Jornada Mundial da Juventude é um evento da Igreja Católica para os jovens de todo o mundo. Ela os reúne para celebrar e aprender a fé católica e construir pontes de amizade e esperança entre continentes, povos e culturas. É uma festa da alegria. Seu principal objetivo é fazer a pessoa de Jesus o centro da fé e da vida de cada jovem para que Ele possa ser o ponto de referência e também a inspiração para cada iniciativa e compromisso das novas gerações.
            Elas não concorrem com as pastorais da juventude, os movimentos ou grupos jovens, mas são um tempo especial para uma vivência cada vez mais profunda na intimidade com Cristo e no amor pela humanidade.
            Os símbolos da JMJ são uma cruz e um ícone (quadro) de Nossa Senhora. Esses símbolos, desde 1985, estão percorrendo o mundo pelas mãos dos jovens. De 08 a 10 de novembro, eles estarão em nossa Diocese de Bagé. No dia 08/11, em Pinheiro Machado e Bagé, no dia 209/11, em Dom Pedrito e Santana do Livramento e no dia 10 estarão em Rosário do Sul. Dali seguem para Santa Maria, onde à tarde acontecerá o grande show Bote Fé, com a presença de cantores católicos do Estado e do País, como Rosa de Saron, Dominus, Quaerite, Grecco, Paz e Mel... É de fundamental importância que os jovens de nossa Diocese e do Brasil assumam desde agora esse chamado à missão e participem da JMJ como testemunhas vivas de Cristo!
            A JMJ acontecerá de 23 a 28 de julho de 2013, no Rio de Janeiro, sendo que na semana anterior, de 14 a 20, será a Pré-Jornada, esta ocorrendo em todas as Dioceses do Brasil, quando os jovens que vierem para a JMJ, oriundos de outros países, ficarão uma semana nas cidades que se candidatarem. E a nossa Dom Pedrito é uma das candidatas a receber alguns destes jovens.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

As escolhas da vida

A nossa vida depende muito das escolhas que fizermos. Nem sempre é fácil escolher quando nos deparamos, nas estradas da vida, com muitas encruzilhadas. Devemos escolher uma estrada e deixar outra. Ou outras...
Nestes momentos é importante o testemunho seguro de alguém que sabe o que quer. Lembro ter escutado uma entrevista com uma artista da televisão, onde ela afirmava: “eu sou católica, batizei minha filha na Igreja, mas quando ela crescer, ela irá escolher a sua religião”. Certo ou errado? Será que essa mãe deixará a filha crescer para ver se ela quer comer e estudar?
Todos os dias somos desafiados a construir a nossa vida nos valores do poder, do êxito, da ambição, dos bens materiais, da moda... E todos os dias somos convidados por Jesus a nossa existência sobre valores do amor, do serviço, da partilha com os irmãos, da simplicidade, da coerência com os valores do Evangelho... Há momentos em que devemos fazer também a nossa escolha. As Sagradas Escrituras usam muito a pedagogia dos dois caminhos. O primeiro Salmo da Bíblia fala disso, Jeremias e Jesus no Evangelho igualmente.
Cristão é aquele que escolhe Cristo e seu projeto de vida. E o segue! Para isso deve ser educado no pensamento de Cristo, ver a história como Ele, julgar a vida como Ele, escolher e amar como Ele, esperar como Ele ensina, viver nEle a comunhão com o Pai e o Espírito Santo.
Na vida cristã, o que importa é a decisão firme, perseverante, por esta causa e por este caminho. Escolha que nem sempre traz facilidades e popularidade. Não podemos “arregar” de seguir o evangelho e aceitar suas exigências. Seguir por este caminho é uma opção (escolha) nossa. E quem põe a mão no arado, não pode olhar para trás. Deve seguir em frente, com firmeza e coragem!



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A espiritualidade em nossa vida



Um dia, durante um retiro, o assessor disse para nós: “Quem não reza, vira bicho! Pode ser jovem ou adulto, padre ou religiosa, leigo ou consagrado!” Nunca mais me esqueci disso. E sempre repito esta frase quando quero falar de oração e de espiritualidade.
Na vida e na correria da mesma, existe o perigo do ativismo, do corre-corre, às vezes até porque a necessidade nos obriga a isso. E como ninguém pode dar o que não tem, é preciso sempre buscar de novo, reabastecer-se de novo. É preciso fortalecer o que se enfraqueceu, encher o que se esvaziou.
Nossas atividades, mesmo intensas, não podem prejudicar ou negar a nossa vida espiritual. O que prejudica é o comodismo, ou um dos sete pecados capitais = a preguiça. Nossa vida deve ser organizada de maneira tal que tenhamos tempo para tudo. Também para nos abastecer.
Um dos graves problemas de nossa vida, também da espiritualidade, é a superficialidade, o ficar só na casa, na superfície e não mergulhar, “de corpo e alma”, na vida. As atividades, a família, até mesmo o lazer, não nos devem empobrecer ou prejudicar espiritualmente, mas animar e revigorar.
Na literatura mística se diz que é preciso ver o Senhor tanto no trabalho e na profissão quanto na oração e no recolhimento. E isso nos dá um rumo na vida, nos faz ver com outros olhos (os olhos da fé), nos faz encarar a vida e as situações que ela nos apresenta de outro modo.
Uma pessoa que reza e que abastece sua fé é uma pessoa bem espiritualizada e bem resolvida, que transpira Deus, e não só fala de Deus. Rezar e trabalhar pode ser sempre a mesma repetição de atos, fatos, palavras e ritos. Mas ser fizermos isso com o objetivo de servir o Senhor, doarmo-nos ao Senhor, então será sempre prazeroso de novo.
É preciso refazer, diuturnamente, nossa vida e nossas opções. Só assim serviremos com alegria e viveremos felizes.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Semana da Família

Semana da Família

Estamos vivendo a Semana da Família, em todo o Brasil. “A família sempre foi, é, e continuará sendo o principal núcleo afetivo de qualquer ser humano”, diz o escritor Içami Tiba. Nela constroem-se valores, experimenta-se o amor sem medida. Nada e ninguém vão substituir a família. Só a família pode ocupar o seu espaço e o seu papel.
A família é a primeira e fundamental expressão da natureza social do ser humano, realmente uma comunidade de pessoas, para quem o modo próprio de existir e viver é a comunhão de pessoas.
Qual o modelo ideal de família? A sociedade mudou muito. O mundo está em crise, que atinge todos os setores: religiões, política, partidos, educação, sindicatos e, naturalmente, também a família. As próprias novelas revelam isso, nas “avenidas brasis” da vida... Ali se escancaram modelos de família que não se devem imitar.
Vivemos num modelo de sociedade onde o consumo é hiper-incentivado. Para quê? Para gerar renda, para trocar... É a sociedade do descartável: estragou? Joga-se fora e troca-se por outro novo. Isso se reflete também nas relações humanas.
Outro dia circulou no Facebook uma charge que mostrava um casal completando sessenta e cinco anos de casados. E os netos, admirados, perguntavam: - Como é que vocês conseguiram esta proeza? E eles responderam: - Somos do tempo em que, quando alguma coisa estragava, a gente consertava...
Precisamos valorizar a família, espiritualizá-la, cultivar os seus valores. Precisamos ter mais tempo para estar com: com os filhos, com os pais, com o seu cônjuge. Que tenhamos tempo para conversar, brincar, rezar. E lembremos: se a família vai bem, o mundo irá bem e tudo será melhor.

Motoristas, agricultores e avós

Esta semana nosso olhar quer se voltar para três classes de pessoas importantes em nossa sociedade e família.
Nesta quarta-feira, dia 25, comemoramos a festa de São Cristóvão, escolhido como padroeiro dos motoristas e protetor daqueles que estão no volante. Nosso olhar lembra a necessidade da prudência nas estradas. Só neste último final de semana mais de vinte pessoas morreram em acidentes automobilísticos. Sabemos que a maioria deles é ou por imprudência no volante ou por problemas de álcool e drogas. Portanto, passíveis de serem evitados. Por outro lado, louvamos por tantos e tantas que, no volante e no trânsito, são cuidadosos e responsáveis, que, felizmente, são a maioria.
Como filho de imigrante alemão, quero lembrar e parabenizar todos os imigrantes e agricultores. No dia 25 de julho de 1825, chegaram a São Leopoldo os primeiro colonos alemães, que vinham ao país para gradativamente ir substituindo a mão de obra escrava e produzir alimentos. Foram milhares de famílias que aqui chegaram. Primeiro os alemães. A partir de 1875 foram os italianos, depois os poloneses, ucranianos, franceses, japoneses e muitas outras etnias. É preciso lembrar e valorizar esta gente que forjou nosso estado como um dos mais desenvolvidos do País. Lembrar da importância do trabalho dos que vivem ou trabalham na produção de alimentos. Sempre lembro de uma frase que li e ouvi numa manifestação de agricultores por melhores condições: “Se o colono não planta, o homem da cidade não janta!”
E o nosso olhar se volta, com carinho e respeito aos nossos avós. Dia 25 de julho é o dia de São Joaquim e Santa Ana, pais de Maria, avós de Jesus. Dizem que ser avô e avó é ser pai e mãe com açúcar. Verdade, pois eles têm a experiência da vida, a juventude acumulada, o tempo disponível que não tiveram quando tinham seus filhos e que agora têm.
Parabéns! Muitas bênçãos! Que Deus abençoe a todos e a todas!

Reflexões invernais

O tempo do inverno é tempo de mais recolhimento. Ficamos mais em casa, em volta do aconchego de uma lareira, junto da família, nos expondo menos ao rigor do frio. Por isso, é tempo de conviver mais com a família, ler mais, conversar mais, refletir mais.
A vida é bela, pois ela é dom de Deus. Mas é bom lembrarmos que devemos cuidar bem dela, pois ela é apenas emprestada. E tudo o que é emprestado, um dia devemos devolver e prestar contas.
Ouvimos muito nestes tempos que devemos ser pessoas do bem, que devemos “dar o melhor de nós”. Verdade! Mas sabemos que tem muita gente boa neste mundo. Muito mais gente boa que gente má. Mas não basta ser bom. É preciso fazer o bem! Conhecemos pessoas que nunca fizeram nenhum mal a ninguém. Mas também nunca fizeram nenhum bem a ninguém. Ser bom é apenas um lado da moeda. A outra face é fazer o bem.
Isso exige sairmos de dentro de nós mesmos, de nossa acomodação, incomodar-se, desacomodar-se. Isso mesmo, fazer o bem requer doação, entrega, ir ao encontro do outrem, desinstalar-se.
A Bíblia nos fala que existe mais alegria em dar do que em receber. Só quem descobre esta verdade, quem faz esta experiência sabe o quanto isso é verdade. Felizes os que podem dar, felizes os que podem servir. Existe um lema, que é do escotismo, que diz que “quem não vive para servir, não serve para viver”.
Precisamos, todos, aprender a virtude da solidariedade, da doação, do dar sem esperar recompensa, do trabalho voluntário por amor, sem dor. Precisamos aprender que é dando que se recebe, perdoando que se é perdoado, consolando que se é consolado, morrendo que se vive para a vida eterna, como nos ensinou São Francisco de Assis.
Que este tempo invernal nos ajude a sermos mais humanos, mais solidários.

A fé

A fé é uma palavra tão pequena, mas que representa uma grandiosidade. O próprio Jesus nos fala que “se tiverdes uma fé comparável a um grão de mostarda, direis a esta montanha: ‘Mova-te daqui para acolá, e ele há de mudar-se’. E nada vos será impossível” (Mt 17,20).
O recente lançamento do livro YOUCAT, o Catecismo da Igreja Católica explicado para os jovens, no número 21 fala da fé como conhecimento e confiança. Ela tem sete características:
· A fé é uma pura dádiva de Deus, que nós obtemos se intensamente a pedirmos.
· A fé é a força sobrenatural de que necessariamente precisamos para alcançar a salvação.
· A fé requer a vontade livre e a lucidez do ser humano quando ele se abandona ao convite divino.
· A fé é absolutamente segura porque Jesus o garante.
· A fé é incompleta enquanto não se tornar operante no amor.
· A fé cresce na medida em que escutamos cada vez melhor a Palavra de Deus e permanecemos com Ele, na oração, em vivo intercâmbio.
· A fé permite-nos já a experiência do alegre antegozo do Céu.
Crer significa deixar-se conduzir por Deus, confiar Nele, entregar-se, com confiança, em suas mãos. Ou, como dizia o filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein: “Crer num Deus significa compreender que não bastam os fatos do mundo. Crer num Deus significa que a vida tem um sentido.”.
A fé exige fazermos uma experiência de fé. Nosso Papa Bento XVI nos lembra de que “é importante aquilo que cremos, mas mais importante ainda é Aquele em quem cremos”.
A fé nos faz caminhar em direção ao infinito, construindo no aqui e agora a nossa história, como Abraão, o Pai da fé, que caminhou, mesmo não vendo tão claro. Esperou, mesmo contra toda desesperança.

As colunas da Igreja


Mês de junho é o mês em que comemoramos muitos santos populares, como João Batista, Antônio, Luiz Gonzaga, Pedro e Paulo. No Brasil inteiro são realizados os festejos juninos, em honra aos mesmos. No Norte e no Nordeste, a Semana de São João equivale à nossa Semana Farroupilha, com suas festas, danças, culinárias e tradições.
O que não podemos perder, porém, é a motivação que originaram estes festejos, ou seja, não podemos perder de vista o que estes homens de Deus e da Igreja representaram.
Esta semana – mais especificamente neste dia vinte e nove – comemoramos São Pedro e São Paulo. Pedro, desde o início, foi o líder de todos os apóstolos. Não é por acaso que, em todas as listas dos Doze Apóstolos, descritas pelos evangelistas, ele aparece sempre em primeiro lugar, para mostrar à Igreja Apostólica de sua primazia e liderança. Morreu crucificado em Roma de cabeça para baixo, a seu pedido, em sinal de humildade. Para os católicos, Pedro foi o primeiro papa.
Hoje em Roma existe uma grande Basílica de São Pedro do Vaticano, no local onde se deu o martírio do Apóstolo que é também o padroeiro dos pescadores.
Paulo era perseguidor dos cristãos e no caminho de Damasco ouviu uma voz: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” E a partir daí mudou de vida e de nome, para mostrar sua mudança radical de vida. Escreveu catorze cartas, hoje inseridas na Sagrada Escritura do Novo Testamento. Dizia: “Pela graça de Deus, sou o que sou, mas a graça dele em mim não ficou estéril”.
Em Roma existe uma Basílica de São Paulo, chamada de “São Paulo Fora dos Muros”, porque foi construída fora dos muros da antiga Roma, local onde ele foi decapitado.
Ambos, Pedro e Paulo, morreram mártires no ano de 67. Ambos continuam sendo exemplos para nós, de serviço, amor a Cristo e à Igreja, dedicação e missionariedade.

Jornada Mundial da Juventude


Em 2014, o Brasil será sede da Copa do Mundo. Em 2016, das Olimpíadas. E já no ano que vem, de 23 a 28 de julho, no Rio de Janeiro, a 13ª. Jornada Mundial da Juventude (JMJ), convocada pela Igreja Católica. Desde setembro do ano passado, já estão no Brasil, percorrendo todas as dioceses, os símbolos que acompanham a mesma, ou seja, a Cruz Peregrina e o Ícone de Nossa Senhora.
Foi criado igualmente uma logomarca para divulgar e caracterizar a JMJ no Brasil, que estamos divulgando na nossa coluna de hoje. Esta marca valoriza, em suas cores, a bandeira do Brasil e na simbologia a cidade do Rio de Janeiro, que sediará a mesma: Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Corcovado, praias, coração...
No mês de novembro o Rio Grande do Sul estará recebendo os símbolos e, de 8 a 10, a nossa Diocese de Bagé, que terá como cidades visitadas: Bagé, Dom Pedrito, Livramento e Rosário do Sul. Aqui em nossa cidade estará chegando dia 9 de novembro, pela parte da manhã.










Rio+20


Esta semana inicia, no Rio de Janeiro, a Rio+20, de 15 a 20 de junho, continuando as reflexões iniciadas em 1992, na Eco 92, quando aumentou no mundo todo a consciência ecológica e a nossa responsabilidade pelo futuro comum, da Terra e da Humanidade. Nestes últimos vinte anos cresceram as pesquisas científicas sobre as questões diretamente ligadas à Terra, vista com um sistema biofísico que regula tudo que acontece nela; estudaram-se detalhadamente os ecossistemas, a biodiversidade e questão do aquecimento global. Por fim, foram consagradas algumas expressões que se tornaram clássicas em toda discussão sobre o meio ambiente: o DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL e o PRINCÍPIO DE PRECAUÇÃO (se não temos certeza científica cós efeitos da intervenção humana na natureza, não nos é permitido agir).
Eco foi aprovada a Agenda 21, que representa um receituário minucioso de como se relacionar praticamente com a natureza para preservá-la e atender as demandas humanas.
A Declaração do Rio de Janeiro com seus vinte e cinco princípios, o documento mais importante da Eco 92, expressa que a “TERRA É NOSSO LAR”, o ser humano constitui a preocupação central de todo o desenvolvimento sustentável; este se destina principalmente a erradicar a pobreza, obriga a reduzir e eliminar padrões insustentáveis de produção e de consumo; e, por fim, as responsabilidades face à preservação ambiental são comuns, embora diferenciadas.
Ao final da Eco 92, os movimentos sociais, que se reuniram paralelamente à Cúpula dos Povos, firmou um princípio que deveria ser norteador da Rio+20: “fazer do necessário o suficiente, e viver mais simplesmente, para que simplesmente todos possam viver”.
Cuidemos do nosso planeta – nosso lar -, para que tenhamos mais qualidade de vida.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Tráfico de seres humanos

O tráfico de seres humanos é o hoje o segundo comércio ilícito mais lucrativo no mundo do crime, só perdendo para o tráfico de drogas, já superando o tráfico de armas, atingindo aproximadamente 2,5 milhões de pessoas no mundo, produzindo um lucro de 31,6 bilhões de dólares por ano. O Brasil e América Latina são locais de origem, transito e destino para o tráfico de pessoas, com fins de exploração sexual comercial e outras formas de exploração do corpo e do trabalho. É um dos principais destinos mundiais para o turismo sexual. Outra preocupação e violação grave é o trabalho escravo e a venda de órgãos.
            Este foi o tema da 27º Encontro de Dioceses de Fronteira, que reuniu nos dias 21 a 23 de maio passado, na cidade argentina de Gualeguaychú, Província de Entre Rios, representantes de catorze dioceses de quatro países: Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina.
            Ao final do encontro, foram assumidos alguns compromissos, como fazer chegar esta triste situação às nossas comunidades, de forma que a sociedade possa perceber este problema social que nos envolve a todos; facilitar o primeiro auxílio e o acompanhamento às vítimas em sua denúncia; denunciar pelos canais adequados casos e situações que cheguem ao nosso conhecimento; promover o espírito de família, fomentando em nossas paróquias e comunidades atividades que a reúnam e a unam; realizar um trabalho preventivo com adolescentes e jovens, ajudando-os a abrir os olhos para reconhecer os riscos e promovendo para eles espaços de participação e crescimento integral, incentivando  a educação sexual como educação para o amor; trabalhar nas redes de organizações civis e governamentais e em tudo o que estiver em nosso alcance; demandar as mudanças necessárias nas leis obsoletas e o cumprimento da lei; aderir ao abolicionismo da prostituição; animar, acompanhar e fortalecer os esforços pastorais de comunidades religiosas e movimentos eclesiais comprometidos neste luta; destacar o dia 23 de setembro como o Dia Internacional contra o Tráfico de Pessoas; confiar no poder do Bem, isto é, do bom, nobre e justo, acima de todo o mal.

Orar pela unidade

Esta é uma semana importante para os cristãos, semana que começou com a Ascensão do Senhor Jesus e que termina com a festa do Pentecostes, a vinda do Espírito Santo. É a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Este ano, seremos motivados/as pelo lema bíblico da Primeira Carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios: “Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo” (1ª Coríntios 15,51-58). As reflexões bíblicas foram preparadas por nossos irmãos e nossas irmãs da Polônia, país marcado por histórias de sofrimento, mas também por muita coragem e resistência. Testemunhando a sua firmeza na fé este povo venceu inúmeros desafios. 
            Somos motivados/as a orar e transformar a realidade onde vivemos e a empenhar-nos na construção de um mundo melhor e mais justo. Que mais esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos possa nos animar a confiar sempre mais na transformação possível, com fé alimentada na certeza que vem da vitória do Ressuscitado. Desejamos crescer na unidade e na superação de toda e qualquer forma de descriminação. 
            Esta é uma iniciativa do Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil), fundado em 1982, em Porto Alegre, RS, que tem hoje a sua sede em Brasília, DF. Seus objetivos envolvem a promoção das relações ecumênicas entre as Igrejas cristãs e o testemunho conjunto das Igrejas membros na defesa dos direitos humanos como exigência de fidelidade ao Evangelho. Em suas atividades, as Igrejas membros  vivenciam concretamente a parceria, o diálogo, a valorização humana mútua, o crescimento da amizade fraterna; aprendem a se conhecer e vão se descobrindo como aliadas. Tudo isso se faz dentro do máximo respeito à identidade de cada Igreja: cada uma contribui para o diálogo sendo exatamente como é. A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, realizada anualmente é uma das promoções importantes do CONIC nesta caminhada de reflexão e diálogo.
            Em Dom Pedrito estaremos reunidos no dia 31 de maio, às 16 horas, na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Patrocínio.

Amar!

Amar o outro, todo outro, gratuitamente. Como poderíamos excluir alguém por Amor? Isso seria uma contradição nos termos e uma incompreensão da missão que nos foi confiada. O Amor não é reciprocidade: é continuidade, fecundidade e gratuidade.
Deus se define com uma só palavra: amor. Que bela definição de Deus dada por São João. Tudo começa aí... Deus primeiramente ama; Ele é o fundamento de todo o Amor. O nosso se origina nele. Nós não existimos por nada! Por causa de Deus, nós somos capazes de nos tornar, nós também, todo Amor: “E o amor consiste nisso: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou” (1 Jo 4,10). O Amor de Deus se manifesta por Cristo: “Nisto se tornou visível o amor de Deus entre nós: Deus enviou o seu Filho único a este mundo, para dar-nos a vida por meio dele” (1 Jo 4,9). São João nos faz ver também quem nós somos e quem é Deus: “Todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus” (1 Jo 4,7)
O Amor de Deus manifestado em Cristo não é primeiramente reciprocidade. Jesus não diz: Amem-me como eu amei vocês. Ele diz: “Amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês” (Jo 15,12). O que quer dizer que nós devemos amar ao outro não para que ele nos ame, mas para que, por sua vez, ele possa amar mais alguém. Assim, o Amor não se merece, não se compra, não se ganha. O Amor se recebe para ser dado gratuitamente: “Não foram vocês que me escolheram, mas fui eu que escolhi vocês. Eu os destinei para ir e dar fruto, e para que o fruto de vocês permaneça” (Jo 15,16). Não é um amor recíproco, interessado, mas sim um Amor gratuito, fecundo, que não cessa de crescer e de aumentar.
Santo Agostinho, no século IV, tinha compreendido isso. Ele distinguia três graus no ato de amor. Primeiro grau: “Amar ser amado”. É o grau mais baixo. Quem não gosta disso? Precisaríamos ser marionetes para pretender o contrário. Estamos todos incluídos nisso. É o amor narcisista. Segundo grau: “Amar amar”. É gostar de amar os outros. Nós esquecemos um pouco de nós mesmos; tornamo-nos generosos, altruístas. Fazemos a nossa boa ação, nos preocupamos com os outros, mas isso é gratificante, de maneira que um excesso nessa forma de amar pode se converter, às vezes, em uma forma megalômana de amor de si próprio. Terceiro grau: “Amar!”. Só isso. Amar simplesmente, amar o outro por ele mesmo, não para lhe fazer bem nem para fazer crescer as nossas virtudes... Não! Amar sem esperar nenhum retorno. Não amamos para... alguém ou algo. Amamos e ponto. Só isso. É o topo da gratuidade. É o fruto que devemos dar como cristãos e que permanece.

Na prática e na teoria

Um ditado popular diz que “na prática a teoria é outra”, ou “na prática a gramática é diferente”. Na verdade, o que se quer dizer é que não pode haver separação entre a o conhecimento e a concretização do mesmo, isto é, não se pode separar as duas coisas.
            No discurso de despedida de Jesus, que está no Evangelho de João, nos capítulos 14 a 16, Jesus insiste no mandamento do amor, dizendo que “aquele que guarda os meus mandamentos permanece no meu amor”. Amar a Deus passa necessariamente pelo amor ao próximo.
            Na Feira do Livro, terminada com grande sucesso no último domingo em Dom Pedrito, vimos como é bonito e faz bem ler um livro bem escrito, com uma linguagem agradável e fluente, com uma boa apresentação.
            Como faz bem ao ouvido ouvirmos alguém falando um português claro, bem pronunciado, com os verbos bem empregados, com as entonações bem claras dos sinais e dos acentos, os esses e os erres pronunciados com clareza.
            Como dói aos ouvidos alguém falando ou lendo, deixando fora os esses nos finais das palavras, mudando a conjugação dos verbos, mudando ou não respeitando as pontuações aos finais das frases... Muitas vezes, o conteúdo pode ser bom, mas a maneira como se fala, se lê e se pronuncia estraga tudo, distorce, desvia do objetivo. Até muda aquilo que o autor escreveu ou o que o orador quer dizer.
            Assim em nossa vida. Não basta dizer-se cristão ou religioso. É preciso viver o que se acredita e se professa... Não pode – ou não deve – haver separação entre fé e vida, entre aquilo que se crê e aquilo que se vive.
            A vida cristã se torna mais agradável e crível quando na prática, vivemos a teoria. E a teoria que Ele nos deixou é bem simples: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!”

A Hora da Prece, a Ave Maria

  É um costume antigo, que vem desde Portugal e foi adotado no Brasil e em muitos outros lugares do mundo, que às seis horas da tarde é a hora da Ave Maria. Isso porque representava o fim de um dia de trabalho. Numa época distante, onde ninguém ou poucos tinham relógios, o sino das igrejas é que batiam as horas do dia. O final da jornada coincidia com as 18 horas, e para marcar o fim dos trabalhos, todos se reuniam e rezavam a oração da Ave Maria. Escravos, senhores, mulheres, homens, crianças, era a hora do terço em família, a hora da volta pra casa. Além de ser um momento mágico do dia, porque nem é mais dia nem ainda é noite. É a hora do mistério, o mistério que foi a encarnação de Jesus no seio imaculado de Maria. É a “Hora do Ângelus”, a hora em que o Anjo Gabriel anunciou a Maria que ela seria a Mãe do Salvador.
            Nas emissoras de rádio tocava a Ave Maria e se fazia a oração. Em Dom Pedrito, quando entrou no ar a Rádio Ponche Verde, hoje Sulina, não foi diferente. E no dia trinta de abril de 1952, entrava no ar a primeira audição, levada ao ar pelo Padre Antônio Paul, que deixou registrado no Livro Tombo da Paróquia: “Com a instalação da estação de Rádio Ponche Verde nesta cidade foi-nos dada mais uma oportunidade de difusão religiosa. No dia 30 de abril foi inaugurada a Hora da Ave Maria. Todos os dias o reverendo Pe. Vigário fala pelas ondas do Rádio aos seus fiéis sobre um tema religioso.”
            Em Bagé, na Rádio Cultura, já existia A Hora do Pensamento Social e Religioso, criada e levada ao ar todos os dias pelo capuchinho Frei Mário Ernesto Barp, mais tarde Capelão Militar de grande atuação em toda região. Pelo que se vê, este dois programas são os mais antigos da radiofonia da região, ambos no ar deste a sua fundação.
            Com certeza, se Cristo viesse hoje ao mundo usaria um microfone e faria uso dos meios de comunicação social. Obrigado, Rádio Que Deus abençoe a todos e a todas!

Ser sábio ou idiota...

Recebi, entre tantas coisas que recebo de mensagens via internet, um texto que hoje quero partilhar. Tem por título “O Idiota”.
            Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas. Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 400 Reis e outra menor, de 2.000 Reis. Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos. Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos. - Eu sei, respondeu o tolo. Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda.
            Pode-se tirar varias conclusões dessa pequena narrativa.
            A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.
            A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?
            A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.
            Mas a conclusão mais interessante é: a percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito.
            Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos. O maior prazer de uma pessoa inteligente é bancar o idiota, diante de um idiota que banca o inteligente.
            Ser sábio é, pois, respeitar o semelhante, saber dialogar com o diferente, não ser prepotente nem dono da verdade, ser um eterno aprendiz. Vale lembrar a frase do sábio Sócrates, da Antiga Grécia: “Tudo o que sei é que nada sei”.

Tempo, planejamento e objetivos

   Tempo é questão de preferência, diz um velho ditado. De valores, digo eu. Quando a gente gosta, nada é difícil. Quando a gente não gosta ou não descobre a importância de alguma coisa, toda desculpa serve.
            Na vida é assim. No trabalho é assim. Nos estudos é lazer é assim. Na vida precisamos ter planejamentos, ter objetivos claros, saber o que se quer. O poeta e pensador Sêneca, na Antiga Roma, já dizia: “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir”, isto é, para quem não sabe para onde vai qualquer caminho serve.
            Para os adolescentes e jovens fala-se muito em ter um objetivo de vida, metas, um sentido para a vida. Todos nós precisamos de motivações e de sonhos. Utopias. Ter no horizonte algo a buscar, a conquistar.
            Muito se fala hoje que não se tem tempo. Lembro o que me disse alguém certa feita: “Tempo é que nem dinheiro: a gente gasta naquilo que gosta!” Quando “gostamos”, temos todas as motivações e nada é difícil. Quando “não gostamos”, todas as desculpas são válidas.
            É preciso ter disciplina na vida. A falta de disciplina é outro inimigo nosso. Para isso o Eclesiastes já nos dizia “existe um tempo para cada coisa”. E um padre velhinho que eu conheci dizia: “1º o necessário, 2º o útil, 3º o agradável. Se começarmos pelo necessário sempre sobrará tempo para o agradável. Mas se fizermos o contrário nunca encontraremos tempo para o necessário”.
            É preciso estabelecer uma rotina em nossa vida. Isto é o planejamento. Saber quem somos, o que queremos, onde queremos chegar e como vamos chegar.
            Caminhar é preciso. Porém, não sozinhos. Por isso a importância da comunidade, do grupo, da família. Do sair do isolamento, da solidão, do egoísmo. Cristo ressuscitado se manifesta é na comunidade.

Páscoa hoje e todos os dias

            “Este é o dia que o Senhor fez para nós”! Assim se reza no Domingo de Páscoa na liturgia cristã. Para mostrar que a Páscoa é o dia dos dias, o dia que dá sentido a todos os outros dias...
            A Páscoa vai acontecer na medida em que nós não nos conformarmos com os sinais de morte e construirmos sinais de vida, de ressurreição. Todos os dias. Páscoa é não ignorar, fugir e se alienar dos problemas do dia-a-dia. Páscoa é comunicar-se, e não fechar-se. É buscar a Deus que está em tudo e me todos. Tudo está envolvido em Deus. Seu olhar de amor marca toda a obra da Criação. Em tudo há um sentido, um brilho e uma semente de eternidade.
            Ressuscitar é experimentar, acolher e viver a presença de Deus no cotidiano. Viver a ressurreição de Jesus hoje é deixar-se expandir e transbordar tudo o que é vida dentro de nós. Onde há rancor, tecer o perdão. Onde há angústia, construir serenidade. Onde há medo, fazer brotar a coragem. Onde há alienação, fazer crescer a consciência. Onde há indiferença, fazer brilhar a sensibilidade. Onde há consumismo, fazer nascer a simplicidade. Onde há insegurança, afirmar nossas poucas e preciosas certezas. Onde há solidão, fazer acontecer a solidariedade. Assim, contaminar de luz as trevas que criamos e que sufocam a alegria plantada em nós desde sempre.
            Nascemos para a felicidade, para ela fomos criados. O nosso Deus revela-se um poeta inspirado ao criar o Universo, e Pai amoroso ao colocar nele o homem e a mulher. Ele envia seu Filho a nós, para que a sua alegria habite o nosso coração e, assim, a nossa alegria se faça completa.
            Minha Páscoa, nossa Páscoa não pode ser reduzida a um ovo de chocolate (ainda por cima oco!). Ela se realiza quando o túmulo fica no passado, esquecido e abandonado. Quando o túmulo fica em minha história como o casulo fica na história de uma borboleta, uma fase, um tempo duro e difícil que passou, foi vencido e superado.
            Rompida a casca, a terra, a pedra, temos diante de nós os desafios da vida. Páscoa é construir caminhando e caminhar construindo.

Semana Santa

Semana Santa
            Com o Domingo de Ramos e da Paixão terminam os quarenta dias da quaresma e inicia a Semana Santa. Na fé cristã e na tradição popular é uma semana que deve ser vivida com intensidade e devoção. Ela é chama da “santa” porque concentra os últimos acontecimentos da vida de Jesus, como a entrada triunfal em Jerusalém (Domingo de Ramos), a ceia da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio (Quinta-feira), a prisão, condenação, morte e sepultamento (Sexta-feira), a Vigília (Sábado) e a Ressurreição (Domingo). É uma Semana Santa porque celebra Jesus que se entrega, livremente, para anunciar até o fim a Boa Nova da Salvação.
            Na tradição popular é uma semana de muitas recordações, e para os cristãos que assumem e vivem sua fé, de muita participação e oração. Não é uma semana para mudar hábitos alimentares, passear, viajar, embora isso também faça parte e até podemos fazer. O que não podemos esquecer é o foco, isto é, o porquê desta semana ser santa: Jesus Cristo. Sem Ele será uma semana comum, igual às outras. Com Ele, iremos santificar e tornar esta semana realmente santa para nossas vidas.
            Somos convidados a acolher Jesus Cristo como nosso Rei no Domingo de Ramos, aclamando-O como o “bendito o que vem em nome do Senhor”, numa caminhada pública de fé e de esperança, com ramos, flores, palmas, todos sinais de vitória.
            Somos convidados a celebrar o Tríduo Pascal, onde vamos agradecer o presente da Eucaristia, do Sacerdócio e do Mandamento Novo, o mandamento do amor. Vamos com Cristo celebrar seu sofrimento e sua entrega na Cruz para nossa salvação, onde queremos pedir o perdão de nossos pecados. Vamos fazer a renovação das promessas do nosso Batismo, no compromisso de fidelidade à Aliança que Deus fez conosco e que Cristo selou com seu sangue derramado na cruz.
            A semana será santa se nós a santificarmos. Aqui vai depender só de nós!

sábado, 24 de março de 2012

Saúde e salvação

Saúde e salvação, em muitas línguas, são ditas com a mesma palavra. Significa integridade física e espiritual, bem-estar, paz. A isto contrasta a dor, o sofrimento, o mal, a morte.
Na saúde e na doença, o ser humano busca o sentido maior de sua existência. O sofrimento foi e continua sendo de difícil compreensão e aceitação. Para muitos povos, a doença é consequência de transgressões do ser humano, de forças demoníacas e de outras entidades intermediárias. Assim, é frequente o recurso à religião e à magia em vista de encontrar um sentido para a vida, superar a doença e garantir a saúde.
A Bíblia fala do mal e do sofrimento, mas não os atribui a Deus, e sim à consequência do pecado, da ação humana contrária ao Criador. Eliminando esta causa, pela obediência à Lei divina, se alcançaria novamente a saúde e a salvação. O livro do Eclesiástico, conjunto de ensinamentos para ajudar o povo hebreu a resistir e a manter sua autoestima diante da imposição cultural estrangeira, oferece coleção de ditos sobre saúde e sobre o papel dos médicos e de outros profissionais que buscam conservá-la. É deste livro o verso que se constitui o lema desta Campanha da Fraternidade sobre Saúde Pública – que a saúde se difunda sobre a terra -, precedido e seguido de ensinamentos para preservar a saúde e superar a perda de pessoas queridas pela morte, da qual ninguém é isento.
Outro livro significativo do Antigo Testamento sobre o sofrimento é o que relata a experiência de Jó, o justo e inocente que padece. Nele, há um avanço na forma de compreender o sofrimento, sua origem e valor, embora não seja ainda a palavra definitiva, capaz de explicar o mal, o sofrimento, e, sobretudo aquele do inocente. Conforme João Paulo II, “o próprio Deus desaprova os amigos de Jó pelas suas acusações (de que Jó estaria sofrendo por ter cometido pecado) e reconhece que ele não é culpado. O seu sofrimento é de um inocente: deve ser aceito como um mistério, que o homem não está em condições de entender totalmente com a sua inteligência. ... para se perceber a verdadeira resposta ao porquê do sofrimento, devemos voltar nossa atenção para a revelação do amor divino, fonte última do sentido de tudo aquilo que existe. O amor é também a fonte mais rica do sofrimento que, não obstante, permanece sempre um mistério. Cristo introduz-nos no mistério e ajuda-nos a descobrir o porquê do sofrimento, na medida em que nós formos capazes de compreender a sublimidade do amor divino.”

terça-feira, 13 de março de 2012

O bem viver ou o viver melhor?

A Campanha da Fraternidade nos coloca como um dos objetivos “o disseminar o conceito de bem viver e sensibilizar para a prática de hábitos de vida saudável”. Este é um conceito que vem dos povos indígenas andinos, que foi incluído nas Constituições do Equador e da Bolívia.
Viver bem faz—nos refletir que devemos viver em harmonia e em equilíbrio. Em harmonia com a Mãe Terra, com o cosmos, com a história. Viver bem é viver em harmonia com os ciclos da vida, saber que tudo está interconectado, interrelacionado e é interdependente; viver bem é saber que a deterioração de uma espécie é a deterioração do conjunto. Pensamentos e sabedorias dos nossos avôs e avós que hoje nos dão a clareza do horizonte do nosso caminhar.
Há que diferenciar viver bem do viver melhor. Viver melhor significa ganhar à custa do outro, é acumular por acumular, é ter o poder pelo poder. Mas viver bem é devolver-nos o equilíbrio e a harmonia sagrada da vida. Tudo que vive se complementa. Tudo está interrelacionado: a árvore não vive para si mesmo; o inseto, a abelha, a formiga, as montanhas, não vivem para si mesmos, senão em complementariedade, em reciprocidade permanente.
Estamos falando que a saúde deve se difundir sobre a terra. E cuidar da saúde das pessoas é, necessariamente, cuidar da saúde do planeta. O bem viver nos convida a não consumir mais do que o ecossistema pode suportar, a evitar a produção de resíduos que não podemos absorver com segurança e nos incita a reutilizar e reciclar tudo o que tivermos usado. Será um consumo reciclável e frugal. Então não haverá escassez.
Nesta época de busca de novos caminhos para a humanidade a ideia do bem viver tem muito a nos ensinar.
As Metas do Milênio

A Campanha da Fraternidade deste ano nos lembra – no seu Texto-Base – as oito metas a serem implementadas para suprir os déficits também no campo da saúde pública, metas estas definidas pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1990, que se tornaram referenciais para as ações sociais do governo e de entidades civis e religiosas, em prol da melhoria das condições de vida das populações. A saúde ocupa o centro de suas atenções, com objetivos estipulados para serem alcançados até o ano de 2015. São elas: reduzir pela metade o número de pessoas que vivem na miséria e passam fome; garantir educação básica de qualidade para todos; promover a igualdade entre os sexos e mais autonomia para as mulheres; reduzir a mortalidade infantil; melhorar as condições de saúde das gestantes; combater epidemias e doenças; garantir a sustentabilidade ambiental; estabelecer parcerias mundiais para o desenvolvimento.
O Brasil é, no mundo, um dos países em que a mortalidade infantil mais diminuiu. Segundo a Revista The Lancet, no estudo saúde no Brasil (2011), os óbitos por mil nascidos vivos passaram de 69,12, em 1980, para 19,88, em 2010. Este decréscimo de 71,23% é um avanço positivo que aconteceu basicamente graças ao SLUS, á participação da sociedade, ao maior incentivo ao aleitamento materno. Segundo o mesmo estudo, de 1970 a 2007, a duração média da amamentação materna aumentou de dois meses e meio para 14 meses.
Devemos ressaltar, neste item, o trabalho da Igreja, por meio do engajamento das Pastorais Sociais, principalmente da Criança e da Saúde. Nos grupos acompanhados pela Pastoral da Criança, o índice de mortalidade infantil, em 2010, foi de 11 mortes para cada mil crianças nascidas vivas, quase a metade da média nacional.
As ações da Igreja se pautam pela disseminação da cultura de hábitos e estilos de vida saudáveis, mostrando que é possível criar uma cultura de vida, onde a saúde se difunda sobre a terra.

O sofrimento

O sofrimento

A Palavra de Deus procura sempre iluminar a nossa vida nas mais diversas situações. E uma situação concreta que aflige o ser humano de todos os tempos é o sofrimento. Por que há no mundo tantas pessoas sofrendo? Ninguém gosta de sofrer, mas o sofrimento existe: injustiças, guerras, calamidades, pobreza, fome, discórdias, doenças…
Quem é o culpado? Seriam os nossos pecados? É um castigo de Deus? Como explicar então os inocentes, o Cristo na cruz? Por que Deus permite essas coisas sem intervir? Por que o justo também sofre e o malvado parece estar em situação melhor? Qual é o sentido do sofrimento e da dor?
A Bíblia até tem um livro para tratar desta questão. É o Livro de Jó. Jó é um homem justo e fiel ao Senhor. Possuía muitos bens e uma família generosa. De repente, viu-se privado de todos os seus bens, perdeu a família e foi atingido por uma doença grave.
Essa triste situação provoca no coração dolorido de Jó sentimentos de amargura e de revolta contra esse Deus incompreensível. Até os amigos insinuam ser castigo de Deus… Jó lamenta sua condição de sofredor, mas confia em Deus, pois tem a certeza de que só em Deus pode encontrar esperança e o sentido para a sua existência.
A experiência de Jó no sofrimento é um modelo para todos os que têm fé. Mesmo amaldiçoando seu próprio nascimento, Jó não amaldiçoa Deus, pelo contrário, reconhece e louva sua sabedoria e suas obras na criação: o abismo de seu sofrimento pessoal não lhe fecha os olhos para a grandeza de Deus.
Diante do sofrimento, ou descobrimos o rosto verdadeiro de Deus, ou fazemos dele um monstro, que nos devora e inferniza a nossa vida…
Não nos esqueçamos: o sofrimento pode ser uma visita de Deus… E quando entendermos isso, tudo fica muito diferente… "Não nascemos para sofrer, mas o sofrimento nos faz crescer..."
O sofrimento continuará sempre sendo um mistério… Jesus não elimina o sofrimento, mas nos ensina a carregá-lo com amor e esperança, para que dê frutos de vida eterna… Jesus nos garante de que Deus nunca nos abandona… Resta-nos confiar em Deus e entregar-nos em seu amor.
Os cristãos não descobriram o caminho para evitar o sofrimento. Sofrem como os outros e, às vezes, até mais do que os outros, mas descobriram que a Cruz de Jesus Cristo é redentora. Carregar a cruz sozinhos é desesperador… Mas unidos a Cristo, todo sofrimento é salvador, inclusive o nosso…
No dia onze celebramos o Dia mundial do enfermo. "Levanta-te e vai, a tua fé te salvou". (Lc 17,19 : Lema de 2012)
Rezemos para que Deus nos dê muita luz para compreender o mistério do sofrimento e muita coragem para carregá-lo com amor.

O dom da saúde

O dom da saúde

Toda pessoa quer viver, viver bem, viver com saúde. Mas as enfermidades e a morte contrariam esta aspiração universal e levantam interrogações existenciais nem sempre respondidas. A ciência, com seus avanços permanentes, amarga sua limitação diante de certas doenças e do fim do ciclo da vida neste mundo.
A saúde nem sempre é compreendida em sua abrangência total. Muitos excluem a dimensão espiritual ao definir saúde e doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1946, definiu a saúde sem este aspecto fundamental: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças”. Em 2003, a própria OMS acrescentou este elemento a esta sua definição de saúde. Já o Guia para a Pastoral da Saúde (GPS), elaborado pelo Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) define a saúde como um “processo harmonioso de bem-estar físico, psíquico, social e espiritual, e não apenas a ausência de doença, processo que capacita o ser humano a cumprir uma missão que Deus lhe destinou, de acordo com a etapa e a condição de vida em que se encontre”.
Este conceito revela a compreensão do ser humano como uma unidade pneumossomática, termo originado da união das palavras gregas que significam espírito e corpo. Nesta compreensão, vida saudável requer harmonia entre corpo e espírito, pessoa e meio ambiente, personalidade e responsabilidade. A Doutrina Social da Igreja oferece amplos elementos para a compreensão da saúde e de sua promoção. A Campanha da Fraternidade já contemplou direta ou indiretamente o assunto. Em 1981, o tema foi Saúde e Fraternidade, com o lema: Saúde para todos. Em 1984, tratou da vida, com o lema: Para que todos tenham vida. E este ano novamente volta ao tema, ao falar da Fraternidade e Saúde Pública.
Que a saúde se difunda sobre a terra é o grande desejo de Deus, expresso no livro do Eclesiástico, capítulo 38, versículo 8. É também a grande aspiração humana, pela qual devemos batalhar.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A festa de São Domingos

Três Vendas é uma das regiões mais bonitas e tradicionais de Dom Pedrito. Faz divisa com a República Oriental do Uruguai, divisor de águas e por muito tempo a porta de entrada para nossa cidade para quem vinha de Montevidéu ou de Livramento.

Na década de 1930, ali foi construída uma magnífica capela, dedicada a São Domingos Gusmão, um santo espanhol muito estimado, missionário, grande pregador, nascido em 1170 e falecido em 1221, com 51 anos de idade, fundador da Congregação dos Pregadores, conhecida como a Ordem Dominicana. São Domingos é contemporâneo de outro grande santo, São Francisco de Assis. Ambos deixaram no mundo um sinal indelével. Foi um apóstolo do rosário e missionário incansável em defesa da fé entre o povo.

Sua data é celebrada no dia 8 de agosto. Mas a sua festa, nas Três Vendas, é celebrada sempre na segunda quinzena de janeiro, por causa do tempo mais favorável, festa que já se tornou uma tradição, virando até tema de uma música, composição de José Amilcar Ferreira e música de Júnior Rodrigues.

“Vem gente de todo lado, brasileiro e paisanos, prá esta festa macanuda que acontece há muitos anos: segue o por do sol e vai, que se perder não tem risco, é adiante do Ponche Verde, passando pelo Obelisco.”

É tradição que São Domingos atende ao pedido dos lavoureiros e dos criadores: se faz seca, reza prá São Domingos que a chuva vem, que boa colheita se fará e que a criação bonita se criará.

Faz parte da festa a missa bem preparada e celebrada, seguida de uma procissão onde, carregando o andor e o estandarte do santo, todos seguem rumo à bonita e acolhedora floresta de eucaliptos, que nos convida para o encontro, a conversa amiga, o churrasco, a confraternização, a música, a dança, os causos e as gostosas gargalhadas: “quem não for vai sentir faca fora da bainha”...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Uma Campanha nascida no Concílio

Este ano de 2012 marca uma data importante na história da Igreja atual: 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II. De 1962 a 1965, os Bispos católicos do mundo inteiro passavam em torno de dois meses anualmente em Roma, participando das suas atividades. Em 11 de outubro, entramos nas comemorações do jubileu de ouro deste evento renovador, que promoveu “a atualização de métodos e de linguagem, verdadeiro Pentecostes do século XX”, segundo as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (nº. 75). As mesmas Diretrizes anunciam várias atividades a serem programadas pela CNBB, através de Comissão constituída para esta finalidade. O Papa Bento XVI instituiu um Ano da Fé, a ser realizado a partir da data mencionada até a Festa de Cristo Rei, em 24 de novembro de 2013. Com esta iniciativa, o Papa quer assinalar também os 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, cujo objetivo é ilustrar a força e a beleza da fé, bem como a realização da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã, tampo de reflexão e redescoberta da mesma.
Durante o Concílio, os bispos viveram enriquecedora experiência de comunhão episcopal, conhecendo-se melhor e inteirando-se mais de trabalhos de evangelização e promoção humana, seja do próprio País ou de outros. Assim, os do Brasil conheceram uma iniciativa desencadeada pela Arquidiocese de Natal e outras três Dioceses do Rio Grande do Norte, na Quaresma de 1962, assumida no ano seguinte por 16 dioceses do Nordeste, chamada Campanha da Fraternidade. Em 1964, ela passou a ser realizada em todo o País.

Assim, esta Campanha nasceu com a característica inovadora do Concílio Vaticano II e concretiza linhas fundamentais dos seus documentos, especialmente o da presença da Igreja no mundo (Gaudium et Spes), com a promoção humana integral, a pastoral social. Ela amplia o horizonte da fé e intensifica o convite quaresmal à conversão, indicando situações sociais carregadas de sinais de morte, com propostas concretas de ações transformadoras em favor da vida. Com esta Campanha, a Igreja assume e revela sempre mais sua característica de discípula, missionária e profética na realização da sua missão evangelizadora. Ela se tornou precioso meio evangelizador para o período de preparação à Páscoa, com sugestões sempre atualizadas para os três exercícios quaresmais, a oração, o jejum e a esmola. Promove a fraternidade em compromissos concretos em vista da transformação da sociedade a partir de uma realidade específica, à luz da Palavra de Deus e do Ensino Social da Igreja.

Uma Campanha nascida no Concílio

Este ano de 2012 marca uma data importante na história da Igreja atual: 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II. De 1962 a 1965, os Bispos católicos do mundo inteiro passavam em torno de dois meses anualmente em Roma, participando das suas atividades. Em 11 de outubro, entramos nas comemorações do jubileu de ouro deste evento renovador, que promoveu “a atualização de métodos e de linguagem, verdadeiro Pentecostes do século XX”, segundo as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (nº. 75). As mesmas Diretrizes anunciam várias atividades a serem programadas pela CNBB, através de Comissão constituída para esta finalidade. O Papa Bento XVI instituiu um Ano da Fé, a ser realizado a partir da data mencionada até a Festa de Cristo Rei, em 24 de novembro de 2013. Com esta iniciativa, o Papa quer assinalar também os 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, cujo objetivo é ilustrar a força e a beleza da fé, bem como a realização da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã, tampo de reflexão e redescoberta da mesma.
Durante o Concílio, os bispos viveram enriquecedora experiência de comunhão episcopal, conhecendo-se melhor e inteirando-se mais de trabalhos de evangelização e promoção humana, seja do próprio País ou de outros. Assim, os do Brasil conheceram uma iniciativa desencadeada pela Arquidiocese de Natal e outras três Dioceses do Rio Grande do Norte, na Quaresma de 1962, assumida no ano seguinte por 16 dioceses do Nordeste, chamada Campanha da Fraternidade. Em 1964, ela passou a ser realizada em todo o País.

Assim, esta Campanha nasceu com a característica inovadora do Concílio Vaticano II e concretiza linhas fundamentais dos seus documentos, especialmente o da presença da Igreja no mundo (Gaudium et Spes), com a promoção humana integral, a pastoral social. Ela amplia o horizonte da fé e intensifica o convite quaresmal à conversão, indicando situações sociais carregadas de sinais de morte, com propostas concretas de ações transformadoras em favor da vida. Com esta Campanha, a Igreja assume e revela sempre mais sua característica de discípula, missionária e profética na realização da sua missão evangelizadora. Ela se tornou precioso meio evangelizador para o período de preparação à Páscoa, com sugestões sempre atualizadas para os três exercícios quaresmais, a oração, o jejum e a esmola. Promove a fraternidade em compromissos concretos em vista da transformação da sociedade a partir de uma realidade específica, à luz da Palavra de Deus e do Ensino Social da Igreja.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Um ano novo está começando

Estamos na primeira semana de dois mil e doze. E continuamos repercutindo a mensagem que Bento XVI enviou ao mundo sobre a necessidade de educar os jovens para a justiça e a paz, mensagem esta divulgada no dia primeiro do ano.
A educação é a aventura mais fascinante e difícil da vida, diz o Papa. “Educar – na sua etimologia latina educere – significa conduzir para fora de si mesmo ao encontro da realidade, rumo a uma plenitude que faz crescer a pessoa.

Este processo alimenta-se do encontro de duas liberdades: a do adulto e a do jovem. Isto exige a responsabilidade do discípulo, que deve estar disponível para se deixar guiar no conhecimento da realidade, e a do educador, que deve estar disposto a dar-se a si mesmo.

Mas, para isso, não bastam meros dispensadores de regras e informações; são necessárias testemunhas autênticas, ou seja, testemunhas que saibam ver mais longe do que os outros, porque a sua vida abraça espaços mais amplos.

A testemunha é alguém que vive, primeiro, o caminho que propõe.”
E quais são os lugares onde amadurece uma verdadeira educação para a paz e a justiça? Antes de mais nada, a família, já que os pais são os primeiros educadores.

A família é célula originária da sociedade. “É na família que os filhos aprendem os valores humanos e cristãos que permitem uma convivência construtiva e pacífica. É na família que aprendem a solidariedade entre as gerações, o respeito pelas regras, o perdão e o acolhimento do outro”. Esta é a primeira escola, onde se educa para a justiça e a paz.
Lembra também que cada ambiente educativo possa “ser lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos.

Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar ativamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna.”
Dois mil e doze será o ano que nós construirmos.

Com fé, esperança, otimismo e muito trabalho.

EDUCAR PARA A JUSTIÇA E A PAZ

O Papa Beto XVI nos convida a olhar o ano de 2012 com uma atitude confiante.

É verdade que no ano que termina cresceu o sentido de frustração, por causa da crise que aflige a sociedade, o mundo do trabalho e a economia. Quase parece que um manto de escuridão teria descido sobre o nosso tempo, impedindo de ver com clareza a luz do dia.
Mas, nesta escuridão, o coração do homem não cessa de aguardar pela aurora.

Esta expectativa mostra-se particularmente viva e visível nos jovens; e é por isso que o pensamento se volta para eles, considerando o contributo que podem e devem oferecer à sociedade.

Queria revestir a Mensagem para o XLV Dia Mundial da Paz duma perspectiva educativa: “Educar os jovens para a justiça e a paz”, convencido de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo.
Diz o Papa: “A todos, particularmente aos jovens, quero bradar: Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente o voltar-se para o Deus vivo, que é o nosso criador, a garantia do que é deveras bom e verdadeiro, o voltar-se sem reservas para Deus, que é a medida do que é justo e, ao mesmo tempo, é o amor eterno. E que mais nos poderia salvar senão o amor? O amor rejubila com a verdade, é a força que torna capaz de comprometer-se pela verdade, pela justiça, pela paz, porque tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (cf. 1 Cor 13, 1-13).
“Queridos jovens, vós sois um dom precioso para a sociedade.

Diante das dificuldades, não vos deixeis invadir pelo desânimo nem vos abandoneis a falsas soluções, que frequentemente se apresentam como o caminho mais fácil para superar os problemas. Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga e o sacrifício, de optar por caminhos que requerem fidelidade e constância, humildade e dedicação.
Vivei com confiança a vossa juventude e os anseios profundos que sentis de felicidade, verdade, beleza e amor verdadeiro. Vivei intensamente esta fase da vida, tão rica e cheia de entusiasmo.
Sabei que vós mesmos servis de exemplo e estímulo para os adultos, e tanto mais o sereis quanto mais vos esforçardes por superar as injustiças e a corrupção, quanto mais desejardes um futuro melhor e vos comprometerdes a construí-lo. Cientes das vossas potencialidades, nunca vos fecheis em vós próprios, mas trabalhai por um futuro mais luminoso para todos.

Nunca vos sintais sozinhos! A Igreja confia em vós, acompanha-vos, encoraja-vos e deseja oferecer-vos o que tem de mais precioso: a possibilidade de levantar os olhos para Deus, de encontrar Jesus Cristo – Ele que é a justiça e a paz.”

É NATAL MAIS UMA VEZ

É Natal mais uma vez.

Que deve ser todos os dias em nossa vida.

Por tudo que representa. Por tudo que nos traz.
Natal renova a esperança.

Esperança que se torna confiança e certeza da presença do amor de Deus em nossa vida. Esperança que se faz criança. Criança que é símbolo do futuro, da certeza da vida que não pára. Esperança que deve ser alimentada, acalentada e animada todos os dias.

Esperança que não podemos deixar morrer em nós.
Natal alerta para a vigilância.

Vigilância nos leva a sempre estarmos preparados: sempre alertas!

Vigilância que significa estar atento aos apelos de Deus, a fim de ver o que Ele tem a nos dizer, como devemos agir. Vigilância que é “nunca abaixar a guarda”, mas sempre estar disposto a trabalhar por um outro mundo possível.
Natal é convite à conversão.

Conversão que é apelo para mudar para melhor a nossa vida e a vida do nosso planeta.

A Campanha da Fraternidade deste ano já nos alertava, quando nos convidava a olharmos para a vida do nosso planeta: “Ou mudamos, ou morreremos!”
Natal é olhar para Jesus e refletir sobre as obras que realizamos.

A esperança anima nossa fé, a vigilância nos leva à conversão e esta nos motiva a uma prática concreta. Por meio da ação, de nossas obras, demonstramos que tipo de cristãos somos.

Jesus não se definiu por palavras, mas sim pelos sinais que realizava.

Uma pessoa que não ama, não faz o bem aos outros, que não é caridosa, não pode dizer que é cristã.

Ao nos dizemos seguidores de Cristo, nossas ações e nossa prática devem se assemelhar às Dele.
Natal nos lembra o grande presente de Deus para a humanidade: o seu próprio Filho. Mas lembra também a colaboração humana, nas figuras de Maria, de José e tantos outros personagens da História da Salvação.
Natal nos lembra que Deus entra, por meio de Jesus, na história da humanidade para dela fazer parte para sempre.
Natal nos leva a sermos mais solidários, fraternos, humanos.

A escolhermos e a nos gastarmos sempre a favor da vida, a vida que se manifesta em Jesus na sua plenitude.

Natal que nos leva a sempre escolhermos o bem.
Feliz Natal para todos.

Com Cristo, nossa esperança, o Príncipe da Paz.