Este espaço contém reflexões que gerem esperança. Humanizar relações
e o cuidado com a vida são coisas de que o mundo precisa...
Boa leitura!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

As mártires do Drina

Assim são chamadas as Irmãs da Congregação Filhas do Amor Divino, que foram beatificadas na cidade de Sarajevo, no país da Bósnia-Herzegovina (antiga Iugoslávia) no dia 24 de setembro.
Drina é nome do rio que define a fronteira entre Bósnia-Herzegovina e Sérvia, países que nasceram durante a segunda guerra mundial. Foi no ano de 1941 que os dois novos estados proclamaram independência, após muita briga. Os sérvios não se conformaram com a criação do estado vizinho da Croácia e se rebelaram, promovendo uma sangrenta rebelião tendo como alvo primeiro uma perseguição contra os muçulmanos os católicos, ‘amigos do papa’, em especial sacerdotes e irmãs, decretando sua eliminação.
No dia 11 de dezembro de 1941, os sérvios invadiram o convento e capturaram as cinco irmãs que formavam a comunidade “Casa de Maria’, saquearam o convento e o incendiaram. Era inverno naquela região com neve alta. As irmãs foram obrigadas a marchar sob golpes de fuzis e pontapés pela montanha por 65 km até a cidade de Gorázde. Pelo caminho a irmã Berchmana, de 76 anos não aguentou o cansaço, foi deixada e levada para Sjetlina, onde foi assassinada no dia 23 de dezembro. Segundo relatos, seu corpo foi jogado pela ponte de um rio que desemboca no Drina. As demais irmãs: Krizina, Jula, Antonija e Bernadeta foram levadas até o quartel e fechadas num quarto.
À noite, os soldados sérvios invadem o quarto com a intenção de violentá-las. Pediram que renunciassem à vida religiosa, tornando-se suas mulheres, teriam trabalho garantido e graduação militar. Elas não aceitaram e resistiram, declarando que preferiam morrer que renunciar à sua consagração e a Deus. Não conseguindo convencê-las, os soldados aumentavam as ameaças. Para evitar o estupro, a irmã Jula abriu a janela e, convidando as suas colegas, se jogou. Foi seguida pelas demais, com a invocação: “Jesus, salva-nos!”
Os soldados, derrotados, cheios de ódio e raiva, desceram as escadas e, encontrando-as feridas, mas ainda vivas, chutaram seus corpos a pontapés, e, com facas e punhais, as feriram até a morte. Antes de morrer, um soldado, também ferido, que testemunhou a cena, contou que as irmãs faziam o Sinal da Cruz. Os soldados obrigaram os presentes a arrastá-las até à beira do rio e que, nuas, fossem jogadas nele após as mulheres se apoderarem das suas vestes ensanguentadas. O rio Drina as levou.
Testemunhas de muito amor divino e humano.
(Texto escrito com a colaboração do Pe. Maurizio Gottardi, de Rosário do Sul)

A oração fortalece nossa fé

Um dos primeiros ditados que aprendi na vida é o famoso “saco vazio não pára em pé”. Com este argumento imbatível, sempre nossos pais faziam com que nos alimentássemos adequadamente. Todo ser vivo necessita de uma boa alimentação para ter uma vida de qualidade e que possa produzir frutos.
O mesmo vale para a nossa fé. Ela precisa ser cultivada. E um dos bons alimentos para ela é a oração. E Jesus nos diz que devemos “rezar sempre, sem nunca desistir” (Lucas 18,1). REZAR SEMPRE significa nunca interromper o diálogo com Deus, mesmo no aparente silêncio de Deus. Neste diálogo, Deus transforma nossos corações e aprendemos a nos entregar em suas mãos, confiando n’Ele. Se interrompermos este contado, logo fracassaremos.
A oração não é uma fórmula mágica para levar Deus a fazer a nossa vontade ou até os nossos caprichos. Não é um simples ato de piedade ou expressão do sentimento, mas antes um ato de fé, de amor e de confiança, que nos abre ao diálogo com Deus. Rezamos “seja feita a vossa vontade”, e não “seja feita a nossa vontade”...
Rezar é conversar com Deus: falar e escutar. As orações não precisam de palavras complicadas. Existem orações escritas, fórmulas, mas também as orações que são feitas quando queremos conversar com Deus do nosso jeito. Deus é o nosso melhor amigo e gosta de nos ouvir.
Rezar é fazer silêncio profundo para ouvir Deus, acolher a sua Palavra e assim nos dispor a fazer a sua vontade. A oração é nosso combustível e o nosso oxigênio.
A nossa oração deve ser perseverante, continuada, até disciplinada. Termos horário, dispormos de tempo. Por ela nos tornamos mais humildes, mais humanos. Faz sentido o que um amigo meu um dia me disse: “Quem não reza, vira bicho!”

VIDAS DOADAS

Estamos encerrando o mês de agosto, que antigamente era chamado o mês do cachorro louco. Coisas do passado, pois hoje temos outras coisas loucas, como “a vaca louca”, “o mundo louco”, etc.
Celebramos, na Igreja Católica, o mês das vocações, refletindo sobre a necessidade de todo batizado e batizada assumir a sua missão dentro e fora da Igreja, seja nas vocações específicas, como o ser padre ou o ser religioso ou religiosa, ou na missão de cristão leigo e leiga, nas diversas funções e serviços.
Lembro que o Papa João Paulo II dizia que o século XXI seria o tempo do protagonismo dos leigos, isto é, uma Igreja não mais clerical, dependente do padre ou copiando sua imagem, mas toda ela ministerial, servidora, samaritana, misericordiosa...
A Conferência Episcopal de Puebla, em 1979, dizia que a Igreja deve ser de comunhão e participação, isto é, todos se sentirem responsáveis por ela, assumindo corresponsavelmente a sua caminhada, participando e dando sua contribuição.
É bom lembrar sempre que a Igreja somos nós. Não é um prédio, não é uma instituição, não é um grupo de privilegiados ou iluminados. Precisamos cada vez mais exercer nossa cidadania eclesial, em comunhão e participando. “Se a gente não se une, Deus não salva”, escreveu alguém numa de nossas comunidades, e deixou registrada a frase em um cartaz bem simples, mas de profundo significado.
Hoje, ao encerrar este mês vocacional, quero agradecer a Deus por todos e todas as pessoas que, por força de seu batismo, assumem sua missão nas mais diversas atividades: diretorias, conselhos, ministros, pastorais, serviços, liturgia, catequese, movimentos e associações. A riqueza de uma Paróquia são suas lideranças e a doação de seus membros. Que Deus abençoe a todos e a todas pelas suas vidas doadas!

sábado, 10 de setembro de 2011

O mundo que queremos

Um cartaz escrito pelos jovens do movimento 15-M, em Barcelona, na Praça Catalunha, onde pessoas indignadas com as atuais políticas socioeconômicas de governos europeus, chama a atenção do mundo: “Imaginemos o mundo que queremos para começar a criá-lo”. Este movimento surgiu a partir de toda uma indignação dos jovens e pessoas do povo catalão diante da organização da sociedade e da maneira como são enfrentadas as questões vitais do ser humano.

A sociedade marcha para o futuro e avança, mas ainda não consegue trazer satisfação e solução para os problemas. As questões são tratadas muito a partir do econômico e/ou de interesses pessoais ou de grupos. Isso lá e cá!

É preciso cada vez mais ter em conta a questão do “o que mesmo nós queremos?” Que tipo de educação queremos? Que tipo de religião nós queremos? Que tipo de imprensa nós queremos? Que tipo de economia nós queremos? Que tipo de família nós queremos? Que tipo de cidade nós queremos? Que tipo de país nós queremos?

O que está em jogo é o projeto. Antes de se construir alguma coisa sempre se faz primeiro um projeto (uma planta). Para os jovens se fala em projeto de vida. Para quem não tem um projeto, qualquer coisa serve. Ou como escrevia o grande Sêneca: “para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”.

Não basta ter boa vontade. Não basta ter boas intenções. Não basta ser bom: é preciso fazer o bem. E fazê-lo bem feito!

O movimento de indignação, que iniciou na Espanha, é um sinal. E a frase ali colocá-la é um chamamento para nós. Comecemos a criar o mundo que sonhamos. Uma nova ordem internacional, uma nova economia, uma nova relação com a natureza, um mundo de tolerância e de respeito. Tudo isso vai depender só de nós. Devemos começar já! O mundo que queremos vai começar quando nós começarmos a criá-lo.

Consciência e educação ambiental

Há alguns anos, esteve visitando Bagé um operário alemão de Munich, que ajudava uma instituição que atendia crianças carentes. Este operário muitas vezes ia de bicicleta à fábrica onde trabalhava para economizar o dinheiro da passagem; assim, ele conseguia contribuir mais com as crianças do Brasil.

Pois ele veio visitar nosso país e a Rainha da Fronteira. Depois de levá-lo a conhecer a cidade, as partes históricas e turísticas, perguntaram-lhe o que mais o havia chamado a atenção. E ele foi enfático:

- A sujeira do Arroio Bagé!

De fato, o Arroio Bagé estava cheio de plásticos pendurados nas árvores, garrafas pet jogadas nas margens e no leito do mesmo, sofás, pneus, animais mortos e uma gama de outros resíduos... Conto este fato neste tempo em que estamos vivenciando a Campanha da Fraternidade sobre “a Vida no Planeta”. E vejo – com imensa tristeza – que nossa realidade não é diferente no Rio Santa Maria. E não é diferente nas nossas estradas.

Andando pela nossa campanha, impressiona ver a quantidade de lixo jogada nas margens de nossas estradas. Todas elas. A quantia de plásticos, garrafas, latas, lixo, entulhos... E é tão fácil carregar uma sacola no carro para guardar o lixo.

Quem é o responsável por tudo isso? Somos nós mesmos. Precisamos mudar “nossa mentalidade e nossas atitudes”, como reza a oração da Campanha da Fraternidade. É urgente uma conscientização e educação ambiental de todos e todas. O mundo é a nossa casa. Nós somos seus jardineiros. Saibamos cuidá-lo como cuidamos de nossa casa, de nosso jardim, de nosso pátio.

Que o clamor da campanha da fraternidade para que cuidemos do nosso planeta encontre eco em nós!

Gente Pequena

Há um provérbio africano que diz: “Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudarão a face da terra”. Lembro deste ditado nestes dias em que estamos trabalhando o tema da vida no planeta terra e do que podemos fazer para preservá-lo.

Ouço muito por aí que “não adianta fazer nada”, “uns cuidam, outros destroem”, “alguns reciclam, mas outros jogam o lixo em qualquer canto”, e por aí se vão as desculpas, algumas com procedência, mas não convincentes e que impeçam nossa ação transformadora..

É preciso acreditar na força da educação e da conscientização. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. É preciso insistir, repetir, mudar a mentalidade e as atitudes. E não precisamos, necessariamente, de grandes ações.

Pelo último Censo, descobrimos que Dom Pedrito tem o total de treze mil domicílios. Quanto lixo por dia se produz em cada casa? E se começássemos a fazer a separação do lixo doméstico? Por exemplo, termos em casa duas lixeiras: uma para o lixo seco, que vai para ser recolhido, e outra para o lixo orgânico, que poderíamos colocar no nosso pátio, para se decompor e virar adubo para a horta e as plantas do jardim. Só aí – com a erva que tiramos da cuia, as cascas de frutas e sobras de legumes e verduras – teríamos no mínimo um quilo. Seriam treze mil quilos a menos de lixo na rua ou no lixão por dia e adubo de boa qualidade em nossas casas. E nos motivaria a termos uma pequena hora e ou jardim.

É apenas um exemplo de algo bem pequeno que todos podem fazer. Depende só de a gente se acostumar (de educação, de mudança de atitudes). São coisas pequenas, mas que feitas por muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, farão a diferença!