Este espaço contém reflexões que gerem esperança. Humanizar relações
e o cuidado com a vida são coisas de que o mundo precisa...
Boa leitura!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Vigilância e Esperança

Estamos na segunda semana do advento. Duas palavras, em forma de convite, nos são propostas nestes dias: vigilância e esperança. Dois personagens são colocados como atores principais: o profeta Isaías e João Batista, o precursor.
João Batista convida a preparar os caminhos do Senhor e nos estimula a realizar uma espera ativa e eficaz. Não esperamos a segunda vinda do Senhor (parusia) com os braços cruzados. É preciso pôr em jogo todos nossos modestos recursos para preparar a vinda do Senhor.
Os teólogos estão hoje de acordo em afirmar que o esforço humano por contribuir à construção de um mundo melhor, mais justo, mais pacífico, onde as pessoas vivam como irmãos e imrãs e as riquezas da terra sejam distribuídas com justiça, este esforço — se afirma — é uma contribuição essencial para que o mundo vá maturando-se e preparando-se positivamente para sua transformação definitiva e total ao final dos tempos. Desta maneira, a «preparação dos caminhos do Senhor» se converte para o cristão em uma urgência constante de compromisso temporário, de dedicação positiva e eficaz à construção de um mundo novo. A espera escatológica e a iminência da parusia, em vez de ser motivo de fuga do mundo ou de alienação, devem nos estimular a um compromisso mais intenso e a uma integração maior no trabalho humano.
O advento nos faz desejar ardentemente o retorno de Cristo. Mas a visão de nosso mundo injusto, marcado brutalmente pelo ódio e a violência, revela-nos sua imaturidade para a parusia final. É enorme ainda o esforço que os fiéis devem desenvolver no mundo a fim de prepará-lo e maturá-lo para a parusia. Desejamos com ansiedade que o Senhor venha, mas tememos sua vinda porque o mundo ainda não está preparado para recebê-lo. O céu novo e a terra nova só nos aparecem em uma longínqua perspectiva.
Por isso ressoa o convite de Pedro, na segunda carta, capítulo 3,14: “esforçai-vos para vos mostrardes em paz, sem mancha nem defeito.”

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Advento é preparação, não celebração antecipada

Estamos no advento. Preparando o natal. Ainda não é o natal, mas já é a sua preparação. Sabemos que tudo que é bem preparado, é bem celebrado. Assim é com a vida, com as festas, com os negócios, com os eventos, com as lavouras e criações.
Na pressa da sociedade, que quer tudo prá ontem, acaba-se colocando a carreta na frente dos bois, festejando antes do acontecido. Na expressão da nossa gurizada: “comendo a merenda antes do recreio”. E assim perde-se o sentido que cada coisa. Advento é espera, preparação, criar um clima favorável. É como se fosse o pré-natal de uma gestante. Importante e necessário, mas ainda não o nascimento.
Este ano de 2011, o advento é o mais longo que possa existir. Como o dia de natal vai cair num domingo, serão exatamente quatros semanas (28 dias) de preparação. Cada semana, um tema, um convite.
A primeira semana nos remete ao tema da vigilância. Advento é tempo da espera vigilante do Senhor. O verdadeiro discípulo deve estar sempre "vigilante".
Vigiar significa não esquecer que toda a vida cristã é uma caminhada rumo ao encontro final com Cristo Salvador e Juiz.
Vigiar é a atitude de quem se sente responsável pela "casa" de Deus, proteger a Comunidade de invasões estranhas.
Vigiar significa viver sempre empenhado e comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de paz.
Vigiar significa cumprir os compromissos assumidos no dia do batismo e ser um sinal vivo do amor e da bondade de Deus no mundo.
Vigiar significa cumprir a Missão recebida: dar testemunho de Jesus e do seu evangelho.
Vigiar significa não viver como se a vida se reduzisse à duração terrena, mas viver sempre na expectativa da revelação plena do Senhorio de Jesus.
"Nesse Natal, Cristo pede um lugar em nossa casa". Será que ele pode contar com um lugar em nosso coração? Estamos dispostos a remover tudo o que rouba espaço para Ele, e impede nosso caminho para Deus?

sábado, 12 de novembro de 2011

A Mãe do Patrocínio

A Igreja Católica celebra no segundo domingo do mês de novembro duas grandes festas de caráter devocional mariano: Medianeira de Todas as Graças e a Mãe do Patrocínio. A primeira, a Padroeira do Rio Grande do Sul e a segunda Padroeira de Dom Pedrito.
A devoção à Nossa Senhora do Patrocínio é oriunda da Espanha e de Portugal. No Brasil, está muito presente em São Paulo e Minas Gerais e em algumas regiões do Nordeste. Pelo que pude apurar, no Rio Grande do Sul só existe em Dom Pedrito, trazida pelos primeiros moradores, que lhe dedicaram a primeira capela, criada aos 18 de novembro de 1852. Segundo o professor Adilson Nunes de Oliveira, “a história da devoção em Dom Pedrito inicia mesmo antes da criação da capela pois havia aqui um orago sob essa invocação formado pelos habitantes do passo, certamente espanhóis e portugueses” (Revista dos 150 anos da Paróquia pg. 45).
A fundamentação bíblico-teológica desta devoção está no texto das Bodas de Caná, capitulo dois do Evangelho de João, quando no meio da festa de casamento falta o vinho. Maria, que estava no casamento, bem como Jesus e seus Apóstolos, percebe o fato e vai falar com seu Filho: - “Eles não têm vinho.” Ela percebe a situação e vai pedir o “patrocínio” (a ajuda, o auxílio) de Jesus. Este diz que sua hora ainda chegara, mas a Mãe não se importa e se dirige aos serventes: - “Fazei o que vos disser.” E os serventes seguiram as ordens do Mestre e a água se transforma em vinho, a alegria volta à festa, que agora esta garantida.
É assim que a ajuda da Mãe do Patrocínio se faz presente. Na oração a ela proferida, nós rezamos: “animados com esta confiança a vós recorremos, Mãe de Jesus, pedindo vossa proteção sobre nossas famílias, nossos campos, lavouras e rebanhos. Mãe Padroeira Mãe de puro amor atendei nosso pedido e abençoai a nossa vida para sempre. Amém.”

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O presente de Deus que desprezamos

O mundo que temos não é nosso: somos apenas administradores. Ele é um presente que Deus nos deu, que devemos cuidar e não desprezar. Este o enfoque da Campanha Missionária, que retrata a preocupação com a preservação do meio ambiente, reforçando a discussão da Campanha da Fraternidade, cujo tema foi Fraternidade e Vida no Planeta. Como cristãos, nosso dever é procurar criar consciência ecológica, despertando amor à criação de Deus.
Nosso mundo moderno desvia o foco do principal compromisso com Deus, que é a preservação da vida como um todo. É espantoso acreditar que proclamamos amor para com Deus em alta voz, juramos fidelidade a Ele, mas nos deixamos levar pelo consumismo e pelo materialismo, pelo progresso a qualquer preço, que nos cegam e nos fazem escravos.
Nossa vida está sendo cada vez mais alienada pelo consumo descontrolado, não nos importamos com a origem dos produtos que adquirimos (se foram feitos a base de trabalho infantil ou escravo, ou se animais indefesos e em extinção foram mortos), nem com as consequências desta produção. Todo esse processo faz parte de uma mentalidade egoísta e consumista, onde temos a ilusão de que somos indivíduos isolados, podendo cometer erros sem que ninguém note, jogando a sujeira embaixo do tapete. Como consumidores, somos os maiores responsáveis pela instabilidade do planeta, mas sempre jogamos a culpa nas costas de quem produz, que também contribuem diretamente para esta catástrofe ambiental, porém, produzindo o que consumimos. Só há produção, se há consumo.
É fácil culpar alguém pela responsabilidade que cabe a cada um de nós. Consumimos produtos que ferem o coração do nosso planeta, e não nos damos conta da falta de responsabilidade social. Como podemos nos colocar a serviço do próximo, quando entramos em contradição ao consumir um produto prejudicial ao meio ambiente, e que afeta diretamente a todos nós? Como podemos dizer que amamos a Deus se não cuidamos do maior presente dado por Ele? Como podemos dizer que amamos uns aos outros, quando pensamos apenas em nós mesmos?
Pensemos nisso e sejamos capazes de mudar nossa mentalidade e nossas atitudes.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Missão na Ecologia

Estamos, neste mês de outubro, dedicado à reflexão sobre as Missões, voltando ao tema da Campanha da Fraternidade: o cuidado pela vida no planeta.
Cada vez mais nos damos conta que o mundo é a casa de todos e que cada um é responsável por esta casa. A própria palavra “ecologia” significa “arrumação da casa”. Missão na ecologia é “arrumação da casa para os filhos e filhas de Deus”.
A consciência de que o progresso deve ter limites aumenta cada vez mais entre nós, pois a natureza tem também seus recursos limitados e muitos não renováveis, como já nos alertava o Clube de Roma em 1972, quando publicou um estudo sobre os “Limites do Crescimento”. O padrão de consumo americano ou europeu não pode e não deve ser modelo para o mundo, que entraria em colapso se assim o fizesse.
Neste ano, alguns fatos trouxeram reflexões para nossas vidas. Lembro o movimento iniciado em Barcelona, na Espanha, chamado M-15 ou “os indignados”. A revolta em Londres, com quebra-quebra e saques. Ambos fizeram os analistas dizer que uma parcela da população mundial não está satisfeita com a maneira como estão tratando a economia, a política, a questão social. Em outras palavras: há todo um movimento, que já é mundial, de “indignação” de como estamos “arrumando a nossa casa”.
A cobiça humana e o progresso devem ter um limite. Não podemos só tirar os bens da natureza ou colocar o objetivo de uma nação no saque dos recursos naturais. As empresas não estão produzindo o petróleo, mas apenas extraindo reservas naturais que pertencem ao planeta. O mesmo se dá no caso da destruição florestal, da destruição da vida marítima, da poluição das águas... As empresas exploram sem produzir, apenas extraem. E isso que vem quase de graça, dá muito dinheiro. Há um imenso segmento da economia mundial que está baseado simplesmente em destruir as bases de sobrevivência do planeta, sobretudo das gerações futuras.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

As mártires do Drina

Assim são chamadas as Irmãs da Congregação Filhas do Amor Divino, que foram beatificadas na cidade de Sarajevo, no país da Bósnia-Herzegovina (antiga Iugoslávia) no dia 24 de setembro.
Drina é nome do rio que define a fronteira entre Bósnia-Herzegovina e Sérvia, países que nasceram durante a segunda guerra mundial. Foi no ano de 1941 que os dois novos estados proclamaram independência, após muita briga. Os sérvios não se conformaram com a criação do estado vizinho da Croácia e se rebelaram, promovendo uma sangrenta rebelião tendo como alvo primeiro uma perseguição contra os muçulmanos os católicos, ‘amigos do papa’, em especial sacerdotes e irmãs, decretando sua eliminação.
No dia 11 de dezembro de 1941, os sérvios invadiram o convento e capturaram as cinco irmãs que formavam a comunidade “Casa de Maria’, saquearam o convento e o incendiaram. Era inverno naquela região com neve alta. As irmãs foram obrigadas a marchar sob golpes de fuzis e pontapés pela montanha por 65 km até a cidade de Gorázde. Pelo caminho a irmã Berchmana, de 76 anos não aguentou o cansaço, foi deixada e levada para Sjetlina, onde foi assassinada no dia 23 de dezembro. Segundo relatos, seu corpo foi jogado pela ponte de um rio que desemboca no Drina. As demais irmãs: Krizina, Jula, Antonija e Bernadeta foram levadas até o quartel e fechadas num quarto.
À noite, os soldados sérvios invadem o quarto com a intenção de violentá-las. Pediram que renunciassem à vida religiosa, tornando-se suas mulheres, teriam trabalho garantido e graduação militar. Elas não aceitaram e resistiram, declarando que preferiam morrer que renunciar à sua consagração e a Deus. Não conseguindo convencê-las, os soldados aumentavam as ameaças. Para evitar o estupro, a irmã Jula abriu a janela e, convidando as suas colegas, se jogou. Foi seguida pelas demais, com a invocação: “Jesus, salva-nos!”
Os soldados, derrotados, cheios de ódio e raiva, desceram as escadas e, encontrando-as feridas, mas ainda vivas, chutaram seus corpos a pontapés, e, com facas e punhais, as feriram até a morte. Antes de morrer, um soldado, também ferido, que testemunhou a cena, contou que as irmãs faziam o Sinal da Cruz. Os soldados obrigaram os presentes a arrastá-las até à beira do rio e que, nuas, fossem jogadas nele após as mulheres se apoderarem das suas vestes ensanguentadas. O rio Drina as levou.
Testemunhas de muito amor divino e humano.
(Texto escrito com a colaboração do Pe. Maurizio Gottardi, de Rosário do Sul)

A oração fortalece nossa fé

Um dos primeiros ditados que aprendi na vida é o famoso “saco vazio não pára em pé”. Com este argumento imbatível, sempre nossos pais faziam com que nos alimentássemos adequadamente. Todo ser vivo necessita de uma boa alimentação para ter uma vida de qualidade e que possa produzir frutos.
O mesmo vale para a nossa fé. Ela precisa ser cultivada. E um dos bons alimentos para ela é a oração. E Jesus nos diz que devemos “rezar sempre, sem nunca desistir” (Lucas 18,1). REZAR SEMPRE significa nunca interromper o diálogo com Deus, mesmo no aparente silêncio de Deus. Neste diálogo, Deus transforma nossos corações e aprendemos a nos entregar em suas mãos, confiando n’Ele. Se interrompermos este contado, logo fracassaremos.
A oração não é uma fórmula mágica para levar Deus a fazer a nossa vontade ou até os nossos caprichos. Não é um simples ato de piedade ou expressão do sentimento, mas antes um ato de fé, de amor e de confiança, que nos abre ao diálogo com Deus. Rezamos “seja feita a vossa vontade”, e não “seja feita a nossa vontade”...
Rezar é conversar com Deus: falar e escutar. As orações não precisam de palavras complicadas. Existem orações escritas, fórmulas, mas também as orações que são feitas quando queremos conversar com Deus do nosso jeito. Deus é o nosso melhor amigo e gosta de nos ouvir.
Rezar é fazer silêncio profundo para ouvir Deus, acolher a sua Palavra e assim nos dispor a fazer a sua vontade. A oração é nosso combustível e o nosso oxigênio.
A nossa oração deve ser perseverante, continuada, até disciplinada. Termos horário, dispormos de tempo. Por ela nos tornamos mais humildes, mais humanos. Faz sentido o que um amigo meu um dia me disse: “Quem não reza, vira bicho!”

VIDAS DOADAS

Estamos encerrando o mês de agosto, que antigamente era chamado o mês do cachorro louco. Coisas do passado, pois hoje temos outras coisas loucas, como “a vaca louca”, “o mundo louco”, etc.
Celebramos, na Igreja Católica, o mês das vocações, refletindo sobre a necessidade de todo batizado e batizada assumir a sua missão dentro e fora da Igreja, seja nas vocações específicas, como o ser padre ou o ser religioso ou religiosa, ou na missão de cristão leigo e leiga, nas diversas funções e serviços.
Lembro que o Papa João Paulo II dizia que o século XXI seria o tempo do protagonismo dos leigos, isto é, uma Igreja não mais clerical, dependente do padre ou copiando sua imagem, mas toda ela ministerial, servidora, samaritana, misericordiosa...
A Conferência Episcopal de Puebla, em 1979, dizia que a Igreja deve ser de comunhão e participação, isto é, todos se sentirem responsáveis por ela, assumindo corresponsavelmente a sua caminhada, participando e dando sua contribuição.
É bom lembrar sempre que a Igreja somos nós. Não é um prédio, não é uma instituição, não é um grupo de privilegiados ou iluminados. Precisamos cada vez mais exercer nossa cidadania eclesial, em comunhão e participando. “Se a gente não se une, Deus não salva”, escreveu alguém numa de nossas comunidades, e deixou registrada a frase em um cartaz bem simples, mas de profundo significado.
Hoje, ao encerrar este mês vocacional, quero agradecer a Deus por todos e todas as pessoas que, por força de seu batismo, assumem sua missão nas mais diversas atividades: diretorias, conselhos, ministros, pastorais, serviços, liturgia, catequese, movimentos e associações. A riqueza de uma Paróquia são suas lideranças e a doação de seus membros. Que Deus abençoe a todos e a todas pelas suas vidas doadas!

sábado, 10 de setembro de 2011

O mundo que queremos

Um cartaz escrito pelos jovens do movimento 15-M, em Barcelona, na Praça Catalunha, onde pessoas indignadas com as atuais políticas socioeconômicas de governos europeus, chama a atenção do mundo: “Imaginemos o mundo que queremos para começar a criá-lo”. Este movimento surgiu a partir de toda uma indignação dos jovens e pessoas do povo catalão diante da organização da sociedade e da maneira como são enfrentadas as questões vitais do ser humano.

A sociedade marcha para o futuro e avança, mas ainda não consegue trazer satisfação e solução para os problemas. As questões são tratadas muito a partir do econômico e/ou de interesses pessoais ou de grupos. Isso lá e cá!

É preciso cada vez mais ter em conta a questão do “o que mesmo nós queremos?” Que tipo de educação queremos? Que tipo de religião nós queremos? Que tipo de imprensa nós queremos? Que tipo de economia nós queremos? Que tipo de família nós queremos? Que tipo de cidade nós queremos? Que tipo de país nós queremos?

O que está em jogo é o projeto. Antes de se construir alguma coisa sempre se faz primeiro um projeto (uma planta). Para os jovens se fala em projeto de vida. Para quem não tem um projeto, qualquer coisa serve. Ou como escrevia o grande Sêneca: “para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”.

Não basta ter boa vontade. Não basta ter boas intenções. Não basta ser bom: é preciso fazer o bem. E fazê-lo bem feito!

O movimento de indignação, que iniciou na Espanha, é um sinal. E a frase ali colocá-la é um chamamento para nós. Comecemos a criar o mundo que sonhamos. Uma nova ordem internacional, uma nova economia, uma nova relação com a natureza, um mundo de tolerância e de respeito. Tudo isso vai depender só de nós. Devemos começar já! O mundo que queremos vai começar quando nós começarmos a criá-lo.

Consciência e educação ambiental

Há alguns anos, esteve visitando Bagé um operário alemão de Munich, que ajudava uma instituição que atendia crianças carentes. Este operário muitas vezes ia de bicicleta à fábrica onde trabalhava para economizar o dinheiro da passagem; assim, ele conseguia contribuir mais com as crianças do Brasil.

Pois ele veio visitar nosso país e a Rainha da Fronteira. Depois de levá-lo a conhecer a cidade, as partes históricas e turísticas, perguntaram-lhe o que mais o havia chamado a atenção. E ele foi enfático:

- A sujeira do Arroio Bagé!

De fato, o Arroio Bagé estava cheio de plásticos pendurados nas árvores, garrafas pet jogadas nas margens e no leito do mesmo, sofás, pneus, animais mortos e uma gama de outros resíduos... Conto este fato neste tempo em que estamos vivenciando a Campanha da Fraternidade sobre “a Vida no Planeta”. E vejo – com imensa tristeza – que nossa realidade não é diferente no Rio Santa Maria. E não é diferente nas nossas estradas.

Andando pela nossa campanha, impressiona ver a quantidade de lixo jogada nas margens de nossas estradas. Todas elas. A quantia de plásticos, garrafas, latas, lixo, entulhos... E é tão fácil carregar uma sacola no carro para guardar o lixo.

Quem é o responsável por tudo isso? Somos nós mesmos. Precisamos mudar “nossa mentalidade e nossas atitudes”, como reza a oração da Campanha da Fraternidade. É urgente uma conscientização e educação ambiental de todos e todas. O mundo é a nossa casa. Nós somos seus jardineiros. Saibamos cuidá-lo como cuidamos de nossa casa, de nosso jardim, de nosso pátio.

Que o clamor da campanha da fraternidade para que cuidemos do nosso planeta encontre eco em nós!

Gente Pequena

Há um provérbio africano que diz: “Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudarão a face da terra”. Lembro deste ditado nestes dias em que estamos trabalhando o tema da vida no planeta terra e do que podemos fazer para preservá-lo.

Ouço muito por aí que “não adianta fazer nada”, “uns cuidam, outros destroem”, “alguns reciclam, mas outros jogam o lixo em qualquer canto”, e por aí se vão as desculpas, algumas com procedência, mas não convincentes e que impeçam nossa ação transformadora..

É preciso acreditar na força da educação e da conscientização. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. É preciso insistir, repetir, mudar a mentalidade e as atitudes. E não precisamos, necessariamente, de grandes ações.

Pelo último Censo, descobrimos que Dom Pedrito tem o total de treze mil domicílios. Quanto lixo por dia se produz em cada casa? E se começássemos a fazer a separação do lixo doméstico? Por exemplo, termos em casa duas lixeiras: uma para o lixo seco, que vai para ser recolhido, e outra para o lixo orgânico, que poderíamos colocar no nosso pátio, para se decompor e virar adubo para a horta e as plantas do jardim. Só aí – com a erva que tiramos da cuia, as cascas de frutas e sobras de legumes e verduras – teríamos no mínimo um quilo. Seriam treze mil quilos a menos de lixo na rua ou no lixão por dia e adubo de boa qualidade em nossas casas. E nos motivaria a termos uma pequena hora e ou jardim.

É apenas um exemplo de algo bem pequeno que todos podem fazer. Depende só de a gente se acostumar (de educação, de mudança de atitudes). São coisas pequenas, mas que feitas por muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, farão a diferença!